3 de mar. de 2009

Para aprender a amar...

"Ora, da mesma forma, tudo o que é verdadeiramente bom e belo, de beleza interior moral, espiritual e sublime nos homens e em suas obras, acredito que vem de Deus, e tudo o que há de ruim e de mau nas obras dos homens e nos homens, não é de Deus e Deus também não acha bom.
Mas, involuntariamente sou levado a crer que a melhor maneira de conhecer a Deus é amar muito. Ame tal amigo, tal pessoa, tal coisa, o que quiser, e você estará no bom caminho para depois poder saber mais. Eis o que eu digo a mim mesmo. Mas é preciso amar com uma grande e séria simpatia íntima, com vontade, com inteligência, e é preciso sempre procurar saber mais, melhor e mais. Isto conduz a Deus, isto conduz a fé inabalável.
Para citar um exemplo, alguém que ame Rembrandt, mas ame-o seriamente, saberá que há um Deus, e nEle terá fé. Alguém que se aprofunde na história da Revolução Francesa não será incrédulo, mas verá também que nas grandes coisas há uma potência soberana que se manifesta.
Alguém que tenha assistido, mesmo que por pouco tempo, ao curso gratuito da grande universidade da miséria e que tenha prestado atenção às coisas que seus próprios olhos vêem e que seus ouvidos percebem, e que tenha refletido mais sobre isto, também acabará por crer e talvez aprenda mais do que imagina. Procure entender a fundo o que dizem os grandes artistas, os verdadeiros artistas, em suas obras-primas, e encontrará Deus nelas. Um o terá dito ou escrito num livro, outro, num quadro.
Depois, leia simplesmente a Bíblia e o Evangelho: isso dá o que pensar, muito em que pensar, tudo em que pensar. Pois bem, pense este muito, pense este tudo, isto eleva seu pensamento acima do nível ordinário, independente de você. Já que sabemos ler, leiamos então."

(Vicent Van Gogh, em "Cartas a Théo")

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